O assoreamento dos rios nordestinos

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Assoreamento é o processo de deposição de grandes quantidades de areia no fundo dos rios, deixando esses rios cada vez mais rasos. Processos de Assoreamento são bem comuns no final do curso do rio São Francisco, mais precisamente na parte do rio entre os estados de Alagoas e Sergipe, também o assoreamento ocorre no rio Tietê no estado de São Paulo. O Assoreamento é uma consequência da erosão de um intenso escoamento superficial e é bastante comum no Sertão Nordestino.



EROSÃO E ASSOREAMENTO

No sertão nordestino, os rios temporários sofrem um intenso processo de assoreamento, por causa da forma desigual da distribuição das chuvas no Semiárido. De uma forma geral, no Sertão são poucos os eventos de chuvas que ocorrem durante o ano, mas quando ocorrem, estes são torrenciais, ou seja, a concentração de chuva é muito intensa, causando grandes eventos de chuvas. Algumas áreas do Sertão já registraram chuvas de 200 mm em apenas um único evento de chuva de 20 minutos, sendo que, choveu em 20 minutos o esperado para 10 anos.
O Sertão, como é uma área com poucos eventos de chuvas deveria ser uma área de poucos processos de Assoreamento, mas ocorre exatamente o contrário, o Assoreamento é um processo intenso no Sertão Nordestino, e essa contrariedade se explica na ocorrência de chuvas concentradas, ou melhor, torrenciais.
Sendo o intemperismo a transformação das rochas em solo, no Sertão os processos de imtemperismo do solo são bastante lentos e com pouca intensidade, contribuindo para a formação de solos rasos nela região. Assim, os solos do Sertão Nordestino atingem em média entre 1 e 5 metros de fundura, logo após, já entra a camada de rochas impermeáveis da Terra, e ainda existem locais, como o Lajedo de Pai Mateus na Paraíba, que a camada de rochas impermeáveis está praticamente exposta na superfície do planeta, ou seja, não possui solo entre as rochas impermeáveis e a superfície da Terra.
A pouca formação de solos do Sertão Nordestino, ocorre, pois o principal fator do intemperismo, que é os eventos de chuvas, em média só ocorre 2 ou 3 vezes por ano. Assim, predominam no Sertão outras formas de intemperismo, como o intemperismo físico, ou seja, das mudanças de temperatura entre o dia e a noite que causa dilatação e contração das rochas. Também ocorre o intemperismo biológico, na qual a quebra das rochas é realizada pelas raízes das plantas e árvores típicas do clima Semiárido, mas o intemperismo biológico e o físico são lentos e formam pouco solo.
O intemperismo é eficaz em áreas e chuvas poucos concentradas e bem distribuídas ao longo do ano, mas no caso do Sertão Nordestino que essas chuvas são mal distribuídas e ainda bem concentradas, a formação de solos fica ainda mais difícil. A chuva concentrada remove intensivamente os sedimentos do solo e leva tais sedimentos para os fundos do rio. Assim, a ocorrência de grandes volumes de água em um único evento de chuvas causa uma erosão muito maior que o intemperismo, assim não ocorre formação de solos, mas sim, a perda de solos, como é o caso do Sertão Nordestino.
Dessa forma, em eventos extremos de chuva, o solo não consegue absorver tanta água e ocasiona um grande escoamento superficial (grandes enxurradas), que remove intensivamente os sedimentos do solo e jogam esses sedimentos no rio. Ao remover os sedimentos do solo, o escoamento superficial degenera ainda mais esses sedimentos, transformando eles em sedimentos de areia. Esses sedimentos são concentrados e depositados nos fundos dos rios, gerando assim os rios assoreados.
Com o intenso e constante assoreamento, alguns rios são transformados em brejos.
No Nordeste o assoreamento dos rios temporários é visto a parti da presença de banco de areias nos fundos dos rios quando estes estão em sua fase seca, porém esse processo é agravado com a destruição da vegetação da Caatinga.



COMO EVITAR O ASSOREAMENTO?

Se o Assoreamento dos rios é causado pela erosão do intenso escoamento superficial, para evitar que esse processo ocorra, deve-se manter a superfície do solo protegida com uma cobertura vegetal de médio ou de grande porte. As raízes da vegetação têm o papel de impedir a intensificação do escoamento superficial e posteriormente uma intensa erosão, pois estas raízes abrem diversos túneis na superfície do solo, por onde a água infiltra para o interior do solo, evitando grandes enxurradas, erosão e o assoreamento dos rios.
O desmatamento das florestas, a pouca cobertura vegetal de médio e grande porte e a pavimentação das cidades são fatores que contribuem para o aumento dos assoreamentos dos rios.
Os rios Assoreados ficam mais rasos, ou seja, com uma profundidade menor, assim torna-se mais difícil a continuidade da vida animal e vegetal do rio, o rio fica com menor energia e espaço para o percurso das águas, tornando as enchentes e os transbordamentos mais constantes. Além disso, também ocorre a perca de potencial energético e da própria qualidade da água, uma vez que o volume da água torna-se menor, esta água esta mais vulnerável a poluição de lixo e esgotos.
Porém o maior dano da transformação de um rio em brejo é a perda de um fluxo de água aberto capaz de abastecer as nuvens de chuvas a ponto de gerar os diversos eventos e movimentos de chuvas nos continentes. Muitas nuvens são formadas nos oceanos, mas ao chegar aos continentes ainda não possuem força para gerar chuva, essa força é gerada com a evaporação da água dos rios e a transpiração das plantas, que saturam as nuvens gerando chuva, sendo que nesse processo, os rios ainda possuem uma parcela mais importante que a vegetação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, a constante ocorrência de processos de assoreamento pode transformar os rios em brejos, causando grandes impactos para a vida humana, pois os rios são importantes para o abastecimento humano, produção energética, pesca, práticas agrícolas e principalmente para completar o ciclo do abastecimento das nuvens e gerar chuva para os continentes.

REFERÊNCIAS

PENA, Rodolfo Alves. Assoreamento de rios. Brasil escola. Disponível em: <http://brasilesco.la/b122216>. Acesso em: 08 nov. 2013.

VIEIRA, Antonio Carlos Costa. Transporte de sedimentos e assoreamento de reservatórios em bacias hidrográficas agrícolas, 1990.

Por: Santos. Elaborado em: 08/11/2013. Publicado em: 28/08/2017. Atualizado em: 28/08/2017.
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