Christaller e a teoria dos lugares centrais

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Em 1933 Cristalles buscou explicar a razão do porque existe tanta desproporcionalidade entre as cidades, ou seja, porque existem cidades pequenas e grandes, assim como também buscou o porquê de uma distribuição tão irregular entre elas. Nesse sentido esse trabalho mostra uma síntese do livro “A teoria dos lugares centrais” de Ablas (1982).



TEORIA DOS LUGARES CENTRAIS

Para Christaller as cidades estão organizadas em redes. Essa rede é formada por diversas regiões dotadas de um lugar central e uma região complementar. Em uma menor escala, uma “região” é uma área com práticas econômicas, culturais e administrativas voltadas para um mesmo interesse comum, ou seja, essas atividades são realizadas para serem ofertadas em um lugar central, como no exemplo das cidades, a agropecuária e o extrativismo é praticado em uma determinada região, e o centro dessa região, onde a concentração populacional é mais intensa, é onde também são ofertados os diversos produtos obtidos da agropecuária e do extrativismo das áreas circunvizinhas. Assim, o local onde os produtos são ofertados é o lugar central e as áreas circunvizinhas na qual são desenvolvidas as atividades econômicas que abastecem e movimentam esse lugar central é chamado por Christaller de região complementar.
Assim, o esforço combinado dos habitantes é responsável pela importância de cada lugar central. Quanto mais influente for esse esforço combinado, mais uma cidade deve ter sua região complementar maior, incorporando outras cidades, que estarão dependentes de sés serviços e mantendo assim as cidades interligadas uma com as outras, formando uma rede organizada em cidades centrais e cidades complementares. Christaller mostra a organização das cidades na forma hexagonal, onde o centro representava o lugar central e as demais áreas do hexágono representaram a região complementar, onde um conjunto de hexágonos forma outro hexágono, esse segundo possuía um lugar central mais destacado, pois tratava-se de uma região complementar de segunda ordem, na qual agrupava os esforços das regiões complementares que estavam dentro daquela. Da mesma forma um conjunto de regiões complementares de segunda ordem formava uma região complementar de terceira ordem e assim a diante, e quanto maior a região complementar, ou seja, quanto mais esta engloba mais regiões complementares de ordens superiores, maior a importância de seu lugar central (de sua cidade central). Como o esforço combinado dos habitantes não é igual em todas as cidades, algumas cidades passam a ter serviços que em outras cidades estão ausentes, ou passam a prestar um mesmo serviço existente em outra cidade, porém com uma maior qualidade, rapidez e melhor custo, essas cidades passam a tornarem-se mais importantes que as demais, se valendo como o centro da prestação de serviços, e estabelecendo-se como um lugar central em relação as demais.



Como exemplo da teoria do Lugar Central de Christaller pode-se citar a região metropolitana do agreste, na qual Arapiraca é o lugar central e as cidades circunvizinhas que pertencem a essa região metropolitana foram a região complementar de Arapiraca, que por sua vez, é um lugar central em segunda ordem, pois cada uma das cidades circunvizinhas em questão são lugares centrais de sua respectiva “região”, como exemplo a cidade de Coité do Nóia, essa cidade é o lugar central de sua região complementar, que por sua vez, abastece ao lugar central (o Coité) com produtos agrícolas e pecuários. Porém, os habitantes de Coité do Nóia necessitam dos serviços prestados em Arapiraca, uma vez que nem todos os serviços são prestados no próprio Coité e além de nessa cidade existirem serviços frutos de um sistema maior. Coordenados numa segunda ordem por unidades de Arapiraca, assim, fixa-se uma ligação entre Coité do Nóia e Arapiraca, na qual esta ultima aparece como o ponto mais importante dessa ligação, mesmo que essa importância seja fruto de um esforço combinado entre todas as cidades da região metropolitana e da própria cidade de Coité do Nóia.
Neste mesmo exemplo, se considerar o estado de Alagoas como uma região de terceira ordem, Maceió passa a ser o lugar central, e as demais áreas e cidades de Alagoas sua região complementar, pois a importância política e econômica submete todas as demais áreas do estado, além do fato de Maceió ter a maior massa populacional de Alagoas.

ENTENDENDO A TEORIA DE CRISTALLES

Na formação de sua teoria, Cristalles dividiu seu trabalho em três partes importante. Na primeira fase de seu trabalho Cristalles formula sua teoria, buscando definir alguns conceitos fundamentais, como por exemplo: “lugar central” e “distância econômica”. Ainda no final desta fase ele busca o relacionamento das cidades dentro de um sistema de lugares centrais.
Na segunda fase de seu trabalho ele busca apresentou uma técnica para determinar os lugares centrais a partir de dados reais.
Na fase final Cristalles busca analisar seus resultados os caracterizando-os em um sistema de lugares centrais para o Sul da Alemanha.
A teoria de Cristalles te por objetivo explicar as conexões tidas entre as cidades, como isso funcionava, como se organizam em redes, tentando então explicar essas conexões em sistemas de redes de cidades.
Tratando-se das relações entre os lugares, para Cristalles as “cidades” os “lugares” estavam interligadas por sistemas de redes, assim elas possuíam uma ligação, logo nessa ligação avia a dependência entre elas. Onde essa dependência avia principalmente voltada aos lugares centrais.
Os lugares centrais são locais de consumo dos Bens Centrais. Em sua teoria Cristalles fala que o consumo de bens centrais, os preços desses bens iram prevalecer de acordo com o lugar central, e principalmente da quantidade de pessoas que habitem aquele lugar.
Segundo Lusch um conjunto de centros produtores que poderiam assumir posições de abrangências sobre uma área de mercado segundo o número de bens que seriam produzidos em cada um deles.
É ainda possível associar cada produto a uma área bem definida dentro da qual a sua produção é viável. O raciocínio desenvolvido durante a teoria de lugar central mostra que cada bem produzido caracteriza a existência de uma área de mercado de acordo com os seus custos de produção, as possibilidades de transporte do bem e o volume necessário de vendas que viabilizam a operação da empresa que o produz ou o vende. Assim, será possível associar cada produto a uma área bem definida, dentro da qual a sua produção é viável.
O ponto de partida de Lusch é que todos os centros devem ter, pelo menos, um centro mais importante em comum, na qual iriam se situar as empresas com áreas de mercado mais abrangentes e aonde iria se desenvolver a metrópole regional.
Segundo o raciocínio desenvolvido por Lusch, um sistema estruturado de centros deve surgir da superposição de áreas de mercado definidas por produtos de áreas de abrangência dos centros considerados, como em alguns casos há superposição de áreas de bens de classe diferentes.



REPENSANDO A TEORIA DAS LOCALIDADES CENTRAIS

Verifica-se no momento histórico em que a concentração da produção e os meios de produção se concentram nas mãos de uma classe pouca numerosa, com a expropriação de uma massa de camponeses, bem como a concentração dos recursos a partir do comércio internacional, ou seja, através da acumulação primitiva ou como denominamos do capitalismo. Dessa forma, esse é o momento histórico que se verifica a necessidade de uma rede hierarquizada e integrada nacionalmente ao comércio e serviços, ou seja, a realização das Localidades Centrais. Nesse sentido esse trabalho mostra uma síntese do texto “Repesando a teoria das Localidades Centrais” de Roberto Lobado Corrêa.
A rede de localidades centrais cumpre simultaneamente dois papéis completares. O primeiro é um meio para o processo de acumulação capitalista e o segundo um meio para a reprodução das classes sociais, onde a rede de localidades centrais constitui-se em um meio através do qual a reprodução do modo de produção capitalista se atua.
No capitalismo o mercado distribuidor organiza-se territorialmente amplo, complexo, possuindo um sistema diferenciado de distribuição, isto é, a rede de localidades centrais, que se constitui em uma estrutura territorial necessário ao processo de acumulação capitalista.
Quanto as redes de localidades centrais, em termos de arranjo estrutural, pode-se citar algumas características tais como: a existência de uma cidade comercial primaz, ausência de centros intermediários e existência de dois circuitos, pela temporalidade da função de distribuição, sazonal ou semanal.
Quanto ao estudo de localidades centrais verificam-se algumas variáveis independentes que devem ser consideradas, tal como as densidades populacionais, a renda e os padrões culturais.
Para Corrêa é importante recuperar a teoria das Localidades Centrais  porque ela trata um tem relevante que é o de organização espacial da distribuição de bens e serviços, deste modo, aspecto da produção e da projeção espacial, assim sendo, um enfoque da realidade social.
Nessa teoria, a rede hierarquizada de localidades centrais compõe-se da forma como se organiza o espaço, ou seja, organização do espaço vinculado ao capitalismo, sendo dessa forma de natureza histórica.
Na teoria de Localidades Centrais é importante considerar a “acumulação primitiva” do capitalismo como pré-requisito para formação das redes. Segundo Marx acumulação primitiva é a concentração da propriedade e dos meios de produção nas mãos de uma pouca numerosa classe social, a expropriação de uma imensa massa de camponeses.
A análise de rede de localidades centrais em países não industrializados ou onde a produção industrial apresenta uma localização concentrada, constitui-se, na verdade, na analise de todo o sistema urbano. Em outras palavras, pode-se dizer das funções urbanas e dos diferentes fluxos que se realizam entre a zona rural e as cidades, entre estas, bem como os fluxos que têm suas origens e destinos nos grandes centros mundiais de acumulação e redistribuição de capital. Portanto, a recuperação da teoria das localidades centrais é importante porque ela trata de um relevante que é o de organização espacial de distribuição de bens e serviços, portanto de um aspecto da produção e de sua projeção espacial, sendo assim, uma faceta da totalidade social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, a teoria dos Lugares Centrais de Christaller explica a organização das cidades em uma rede de hierarquia, na qual, os maiores centros urbanos controlam e conduzem os locais menores.

REFERÊNCIAS

ABLAS, Luiz Augusto de Queiroz. A teoria do lugar central: bases teóricas e evidências empíricas: estudo do caso de São Paulo. Instituto de Pesquisas Econômicas, 1982.

CORRÊA, Roberto Lobado. Repesando a teoria das localidades centrais. In: MOREIRA, Ruy. Geografia, teoria e crítica: o saber posto em questão. Vozes, 1982.

Por: Santos. Elaborado em: 13/09/2013. Publicado em: 04/09/2017. Atualizado em: 04/09/2017.
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