Grileiros e posseiros: os conflitos rurais

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A partir dos relatos de experiência das crianças, Martins (2012) realizou um trabalho sobre os conflitos entre grileiros e posseiros tão marcantes no Brasil. Esse conflito é mais intenso na região Norte do Brasil, mas também está presente em outras regiões brasileiras, como o Nordeste e o Centro-Oeste.
Os posseiros são pequenos agricultores rurais que tomam posse de uma terra livre (geralmente pertencente a prefeitura local ou ao governo federal) para praticar agricultura e adquirir os produtos essenciais para a sua sobrevivência. Os posseiros geralmente ocupam terras com vegetação de baixo ou médio porte, na qual, possuem condições propícias para agricultura.
Já os grileiros são grandes empresários industriais com grandes quantidades de terras que ocupam novas áreas para ampliar suas terras.  Geralmente os grileiros tomam as terras dos posseiros, já que já são terras preparadas para a prática agrícola, na qual o posseiro usa para ampliar sua monocultura latifundiária.



POSSEIROS E GRILEIROS: A LUTA PELA TERRA E PELA VIDA

Martins realizou sua pesquisa com dois grupos de posseiros e um de camponeses: os posseiros foram em São Pedro da Água Branca, no município de Imperatriz e em Floresta, no município de Santa Luzia, ambas no estado do Maranhão. Já o grupo de camponeses foi na colônia de Canarana no estado do Mato Grosso.
Martins verificou que os depoimentos das crianças se tratavam quase sempre do mesmo fato, o que tornavam seus depoimentos válidos. A partir desses depoimentos foi verificado que os posseiros são grupos de trabalhadores que vivem em busca de terras férteis, para a sua sobrevivência agrícola, onde possam viver em paz.
Porém, quando encontram terras férteis, geralmente são tomadas por jagunços, sobre ordens de grileiros. Embora os posseiros lutem pela terra, os constantes combates e conflitos travados pelos jagunços acabam expulsando os posseiros, que saem a procuras de novas terras férteis, que estejam livres e ofereçam paz.
Os grileiros contam ainda com a força policial, que agindo de forma ilegal e privada ajudam a torturar e matar posseiros que se recusem a sair das terras. Entre os atos de violência dos grileiros contra os posseiros, foram verificados: a tortura de posseiros sobre formigueiros, tentativas de incêndio as moradias de barro e palha ocupadas por mulheres e crianças; troncos sendo usados como trincheiras, entre outros atos de violência.
Em floresta, Martins revelou que o posseiro responsável por fornecer a ele moradia e comida, durante sua pesquisa, foi morto por jagunços logo após Martins ter saído da região.
Por fim, as crianças revelaram ainda que é comum a troca de filhos entre as famílias, quando a família original tem dificuldades de criar.



MOVIMENTOS RURAIS

Muitos posseiros se organizaram em movimentos pela luta de seus direitos e pela conquista de um local de trabalho para exercer suas atividades produtivas. Enquanto os grileiros buscam o aumento do seu lucro e da sua produtividade, os posseiros lutam pela sua sobrevivência. A imagem abaixo mostra uma manifestação de posseiros em Murici/AL, no qual, reúne integrantes do MST juntamente com alagoanos que perderam seus imóveis durante uma enchente no local.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, o conflito entre posseiros e grileiros é uma realidade do Brasil, principalmente no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, na qual os posseiros lutam pela vida e os grileiros lutam para ampliar os seus lucros. Em Pau d’Arco no Pará, os conflitos de terra resultaram em uma chacina que deixou dez trabalhadores rurais mortos em maio de 2017 (clique aqui e saiba mais pelo site Agência Brasil), já em março de 2017, nove trabalhadores rurais foram mortos em Colniza no Mato Grosso devido aos conflitos rurais (clique aqui e saiba mais pelo site Agência Brasil). Esse é um problema que precisa de atenção urgente no cenário político, educacional e acadêmico.



REFERÊNCIA

MARTINS, José de Souza. Regimar e seus amigos: a criança na luta pela terra e pela vida. In:______. Fronteira: A degradação do outro nos confins humanos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

Por: Santos. Elaborado em: 08/06/2014. Publicado em: 16/08/2017. Atualizado em: 16/08/2017.
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