CONSIDERAÇÕES INICIAIS |
O presente trabalho visa apresentar um resumo do texto “A ‘funcionalidade’ das cidades e da urbanização” de Marcelo José Lopes de Souza, escrito no livro “Urbanização e desenvolvimento no Brasil atual”.
A “FUNCIONALIDADE” DAS CIDADES E DA URBANIZAÇÃO |
O texto inicia com uma breve apresentação das ideias de “desenvolvimento” capitalista quanto ao espaço urbano de acordo com a visão dos estudos produzidos pela chamada “Ciência Regional”. A Ciência Regional trata-se de um traço da ciência que foi superado ao longo da evolução do conhecimento, mas em seu apogeu apresentou ideias que valem uma importante analise sobre a evolução urbana. Nessa ciência, autores como John Friedmann (1971) defendiam que quanto maior o tamanho das cidades, maior as chances de satisfação das necessidades humanas, maior as chances da ocorrência de inovações tecnológicas e de organização populacional para mudanças sociais. Nesse contexto, as grandes cidades apresentavam aglomeração humana e, portanto, eram tais aglomerações que atraiam os investimentos capitalistas. A partir daí, as grandes cidades haviam capacidade para serem centros de consumo, inovação, prestação de serviços, áreas de ofertas de empregos com melhor remuneração, entre outros itens que seriam difundidos pelo capitalismo.
Porém, ao mesmo tempo em que as grandes aglomerações atraem investimentos capitalistas que são benéficos para a população, tais benefícios não atingem a toda população urbana, mas apenas a uma pequena parcela. A partir daí, a maior parte da população urbana fica submetida a diversos problemas sociais, tais como desemprego, criminalidade, violência, desigualdade de oportunidades, exploração no ambiente de trabalho, precariedade de serviços públicos, entre outros problemas.
Um fato curioso visto a partir das ideias da Ciência Regional é que os investimentos capitalistas são difundidos com prioridade para as grandes cidades, justamente na qual só conseguem atingir uma pequena parte da população, ou seja, um pequeno grupo social. A partir daí, fica claro que o mesmo recorte espacial que oferece as melhores condições de trabalho, concentra a maior produção de riquezas e centro das inovações, é ao mesmo tempo, o mesmo espaço de grandes desigualdades sociais, de alta taxa de desemprego, de concentração de pessoas em extremas condições de pobreza e propícias aos problemas urbanos.
Na visão marxista a cidade é vista de forma positiva, como um avanço a sociedade humana, pois na cidade, pessoas, serviços e produtos estavam concentrados um mais próximo dos outros, diferente do campo. Nesse sentido, a cidade passa a ser um espaço de possibilidades, compartilhamento de informações, descobertas e tecnologias, que devem tornar a vida humana mais justa, mais forte contra doenças, mais confortável e mais solitária. Na visão marxista o espaço urbano é um espaço de possibilidades para o compartilhamento de produção, conhecimento e laser.
Na visão marxista o desenvolvimento social é mais difícil de ser alcançado nas áreas rurais, devido a suas várias limitações, mais são mais facilitadas no espaço urbano devido a concentração de pessoas, serviços e criatividade.
Embora, as ideias de Marx sejam desenvolvidas em um cenário, na qual, os problemas urbanos não sejam tão evidentes, quanto às cidades atuais, Marx apresenta que os problemas urbanos existentes poderiam ser superados com a crise capitalista e ascensão do sistema socialista. A isso, os marxistas chamaram de “Economia Política Urbana”, um conjunto de medidas dotadas pelo socialismo que tornariam a cidade um espaço de laser e de coletividade, na qual, todos poderiam se desfrutar dos serviços prestados.
Porém, os próprios marxistas já tinham conhecimento sobre a funcionalidade das cidades para o capitalismo e que tal funcionalidade seria superada pelo socialismo. Para os marxistas as cidades eram teatros de acumulação e centros de difusão de ideias, inovações, modas, tecnologias e até mesmo ordens de poder. Essa difusão ocorre por meio de redes em hierarquias urbanas, das maiores para as menores cidades – até mesmo chegar ao campo, e depois retorna produtos e resultados de tal difusão.
Nessa visão fica claro que enquanto centros de difusão capitalista as cidades passam a exercer uma função negativa: a difusão de estratégias das classes dominantes para subordinação de classes de menor poder aquisitivo; da chamada revolução verde que agravou o quadro de aumento de latifúndios, resultando no êxodo rural; a drenagem de recursos de áreas menos desenvolvidas para geração de riquezas para as áreas mais desenvolvidas, a favor da classe de alto poder aquisitivo do capitalismo; entre outros fatos negativos.
Em um estudo realizado por pensadores da América Latina ficou claro que tratando dessa porção do continente americano, as cidades tiveram o papel de drenagem dos recursos naturais locais para os centros de poder capitalista do mundo, principalmente por meio do fluxo entre campo, cidade e exportação.
Na visão de Paul Singer (1985) as cidades havia seus problemas sociais, tão quanto eram ponto de difusão de ideologias de opressão, mas a introdução da indústria nos espaços urbanos tornou a cidade um espaço de possibilidades comerciais, na qual, era possível a cidade ter seu próprio sustento e trocar mercadorias com diversos locais do mundo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS |
Por fim, a partir das transformações das funcionalidades das cidades no século XX, a cidade passa a ter um papel mais importante que nunca na organização social, deixando de ter um simples papel de ponto de encontro para a difusão de ideias e inovações, para ser um centro de moradia, decisões, produção e organização do espaço humano, até mesmo sobre o campo. A cidade possui o conjunto de empreendimentos para a exploração capitalista do território, passar a serem centros de prestação de serviços e de comercialização de mercadorias, e também o centro de difusão de conhecimentos, organização espacial e modelos culturais.
REFERÊNCIA |
SOUZA, Marcelo José Lopes de. A “funcionalidade” das cidades e da urbanização. In: _____. Urbanização e desenvolvimento no Brasil atual. São Paulo: Ática, 1996.
Por: Santos. Elaborado em: 28/09/2015. Publicado em: 05/09/2017. Atualizado em: 05/09/2017. Obrigado pela sua atenção, qualquer dúvida, falha ou sugestão, deixe seu comentário ou entre em contato conosco. |
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